Saiba mais sobre a LIBRAS, com o linguista Aaron Rudner

CBN faz parceria para disponibilizar conteúdo em linguagem de sinais

Redação Portal IMPRENSA

A rádio CBN dará início, no dia 9 de julho, ao projeto “Rádio em Libras”, parceria com a ONG Vez da Voz, que disponibilizará o conteúdo da emissora na linguagem brasileira de sinais. O material será acessível para cerca de seis milhões de deficientes auditivos no país.

De acordo com informações da assessoria de imprensa da CBN, a primeira fase do projeto disponibilizará em Libras o boletim “Cidade Inclusiva”, apresentado por Cid Torquato todas às segundas-feiras, às sextas no site da rádio. Além disso, o “Rádio em Libras” prevê a criação de noticiários especiais sobre política, economia, ciência, cultura, meio-ambiente e esportes.

A presidente da ONG Vez da Voz, Cláudia Cotes, declarou que o projeto é uma ação inédita no Brasil, e que através da internet, a mídia que “só era útil aos ouvintes, agora também passa a ser acessível aos surdos”. Segundo Cláudia, “a pessoa surda se comunica em Libras”, e apenas “30% dos surdos entendem a língua portuguesa”, fazendo com que o projeto seja fundamental para a prática da acessibilidade na comunicação.

O laptop que virou intérprete

Noelle Nascimento Buffa Furtado, de 23 anos, queria aliar duas coisas no seu trabalho de conclusão do curso de Engenharia da Computação na Veris Faculdades, em Campinas: inovar e criar algo que ajudasse outras pessoas. “Todo mundo falava muito de comercialização, mas eu não queria tirar dinheiro dos outros”, diz.

Primeiro, Noelle pensou em desenvolver algo para pessoas com deficiência visual. A ideia não vingou. Por sugestão do marido, decidiu criar um software tradutor de Libras, a língua brasileira de sinais. “A gente frequenta a igreja evangélica e são duas horas de culto. Ele comentou que os intérpretes ficam cansados, não traduzem tudo.”

O protótipo ficou pronto no ano passado: “Ele ainda precisa de melhorias, mas funciona.” O programa capta a voz da pessoa e, na tela, um boneco traduz o que foi falado para Libras.

Depois de apresentar o TCC, Noelle decidiu testar o software em uma ONG de Campinas que trabalha com pessoas com deficiência auditiva. Deixou um laptop sobre uma mesa durante uma aula. “O computador captava a voz da professora, que falava no microfone, e convertia para Libras. Ela fez perguntas sobre idade, cor favorita etc. As cinco pessoas na sala entenderam tudo.”

Na monografia de 60 páginas entregue ao professor Claudio Umezu, um dos incentivadores do projeto, Noelle explica que o software pode ser usado em qualquer lugar, basta um computador. Feita na linguagem Java, a invenção tem uma limitação: não traduz a fala de muitas pessoas ao mesmo tempo, só captura uma por vez.

Noelle, que hoje procura emprego, quer melhorar a sua criação. “Pretendo que ela seja acessível para todos, não quero comercializar.”
Agência Estado

29/06/2010

Acessa Tatuapé é ponto de encontro de jovens surdos

Quem passa pela estação Tatuapé da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na zona leste de São Paulo, fica no mínimo curioso quando vê um grupo de jovens conversando alegremente, em língua de sinais, bem em frente ao posto do Acessa SP. Quem são eles? O que estão dizendo? O que fazem ali?

A resposta é simples: estão interagindo com a cultura digital. O Acessa SP CPTM Tatuapé é um ponto de encontro de adolescentes surdos e mudos que, já incluídos digitalmente, acessam a internet todos os dias e, como qualquer outro jovem, participam de redes sociais como Orkut e MSN.

É a democracia em rede, para todos.

Superando a barreira da língua

A nossa equipe se aproximou discretamente dos jovens. Afinal, como fazer esse contato? Não sabíamos utilizar a linguagem dos sinais e não queríamos constranger o grupo com “olhares curiosos”. Então, sentamos numa mesa em frente ao Acessa SP, no espaço de convivência da estação, e esperamos o momento de dizer um “oi”, fazer um sinal de positivo com o polegar ou dar um aceno de cabeça.

Deu certo! Logo os jovens começaram a interagir com a gente. A primeira a falar foi Graziele Oliveira de Alencar, 18 anos, estudante. Como ainda tem 20% da audição, ela conseguiu entender com facilidade nossas palavras e nos ajudou a conversar com os outros adolescentes (que escreveram os próprios nomes em nosso bloco de anotações): Anderson André Grabosk, 30 anos; Caio Alexsander Pereira, 14 anos; David Rodrigues dos Santos, 20 anos; Diego Lopes Batista, 25 anos; Domingos Bispo de Araújo Neto, 15 anos; Edílson dos Santos, 15 anos; Enio Gabriel Onofre, 16 anos; Graziele Oliveira de Alencar, 18 anos; Jonathas Rodrigues de Souza, 19 anos; Kaique Nascimento, 23 anos; Maria do Socorro da Silva, 17 anos; Renato Moreira, 16 anos; Welliton Xavier Cerino, 17 anos.

Todos são alunos da Escola Municipal de Educação Especial Helen Keller, localizada no bairro da Aclimação – fundada em 1952 para apoio à educação de alunos da rede de ensino municipal portadores de deficiência auditiva. A escola atende hoje 300 estudantes. Ensina Libras (Língua Brasileira de Sinais) e leitura labial para uso cotidiano dos alunos. Desde 1992, a Helen Keller possui laboratório de informática – por isso a inclusão digital já se dá na própria escola.

Aprendendo Libras

Graziele contou que o grupo se reúne ali quase todos os dias porque todos gostam de navegar pela web. A maioria dos jovens mora na zona leste de São Paulo e, no percurso de volta para casa, passa obrigatoriamente pela estação Tatuapé da CPTM. Por isso o local é um ponto de encontro.

O jovem Diego Lopes Batista, 25 anos, depois de aprender Libras na EMEE Helen Keller, se tornou professor. Sorridente e extrovertido, costuma ajudar os monitores do Acessa SP a se comunicar com outros jovens, ensinando sinais e traduzindo expressões. Falando baixo, mas com boa dicção, Diego conta que os jovens da comunidade surda são bastante animados. “Vamos a festas e baladas, com gente de todo lugar. É muito divertido, sempre tem azaração”, contou, divertindo-se.

A equipe de monitores do Acessa SP CPTM Tatuapé é formada por Andréa, Angélica, Carlos, Cristian, Gisele, Priscila e Renan. Nenhum deles domina a linguagem de sinais. Mas a comunicação com os jovens surdos acontece por meio do aprendizado mútuo: os jovens ensinam expressões aos monitores; os monitores ensinam a melhor forma de usar as ferramentas da web para quem tem deficiência auditiva.

A monitora Andréa mostra como solicitar o RG aos usuários surdos A monitora Andréa Francisca de Jesus, 23 anos, é uma das mais animadas com o novo aprendizado. E nos mostra os principais sinais que aprendeu na convivência com os surdos. “Não sabia nada de língua de sinais. Mas sempre que precisava dizer alguma coisa usava os comandos básicos, os gestos do dia a dia, por exemplo, ‘não pode comer aqui’ [faz um “não” com o dedo], ou ’sim, pode usar este micro’ [faz o gesto com a cabeça e aponta um computador]. E assim acabei aprendendo a usar outros sinais. Adoro aprender! [risos] Não só pela necessidade do trabalho, mas por curiosidade também!”, nos contou.

A monitora Gisele Alves da Silva, 22 anos, disse que todos são tratados normalmente, surdos e ouvintes. “A diferença é que, aqui, os surdos se sentem acolhidos. Adoram usar a internet e a gente ajuda a superar uma ou outra dificuldade de navegação. Nem sempre a comunicação é clara. Mas aí a gente tenta fazer leitura labial, um fala com o outro, todos se ajudam, e tudo se resolve com tranqüilidade”, ela disse.

Agora você já sabe um pouco mais sobre a comunidade surda! E se ainda estiver curioso, pesquise na internet notícias sobre Libras. Veja nossas sugestões.

A todos vocês, que colaboraram com a equipe do Conexão Cultura nesta reportagem, nosso muito obrigado!

Saiba mais:

O posto do Acessa SP CPTM Tatuapé foi inaugurado julho de 2005. Está localizado dentro da estação Tatuapé da CPTM, na zona leste de São Paulo. São 15 computadores à disposição dos usuários, em sua maioria jovens entre 15 e 20 anos. Em média, são realizados 150 atendimentos por dia. O posto funciona de segunda a sexta, das 9h às 21h. Aos sábados, das 8h às 14h. Os sites mais acessados são Orkut, MSN e salas de bate-papo. Ao todo, são 586 unidades do Acessa SP em todo o Estado de São Paulo. A equipe do Conexão Cultura visitou o posto do Acessa SP na tarde do dia 22 de junho de 2010. A EMEE Helen Keller fica na rua Pedra Azul, 314, no bairro da Aclimação, em São Paulo.

vídeo inclusão do índio surdos – MEC

Central de mídia do Ministério da Educação Educação Especial II

Pesquisadora surda apresenta dissertação usando língua de sinais na Unicamp

Mestranda em Pedagogia defendeu uso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), que tem estatuto de língua nativa no Brasil

Pela primeira vez, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) teve uma dissertação apresentada em Língua Brasileira de Sinais (Libras). A pesquisadora Regiane Agrella, surda, defendeu no último mês o trabalho “Língua, subjetividade e opressão linguística – interrogações a uma pedagogia (AB)surda”.

“Por que a sociedade não aceita a língua de sinais? Eu devo me apropriar do português? Só eu? Por que não troca, não inverte o jogo? Eu também voto”, disse Regiane, formada em Pedagogia.

Ela conta que uma vez foi reprimida pela mãe enquanto conversava com
um colega usando língua de sinais. Para a mãe, ela correria o risco de “perder a fala”. “É a minha língua, e percebi que ela era proibida”, disse.

“Poderia aprender português como segunda língua. Mas comecei a perceber que as frases eram incompletas. Por exemplo: Eu gosto de você. Eu entendo: eu gosto você. ‘De’ para mim não significa nada. Na escrita eu omitia porque não entendia essas conjunções”, explicou a mestranda.

Durante a apresentação, Regiane narrou a sua época na escola, quando aprendeu a ler lábios para acompanhar as aulas. “Eu entendia as palavras, mas as frases não tinham sentido. Eu decorava e respondia para a prova. Falava até bem, mas minha escrita era muito diferente. As professoras sempre achavam algum erro, mas não sabiam explicar, do meu jeito, onde estava o erro”.

ADAPTAÇÃO
A pesquisadora foi também uma das primeiras aprovadas no mestrado com provas em português e em Libras. As aulas passaram a ser acompanhadas de tradutor Português – Libras e gravadas em DVD.

“É possível garantir a formação do pesquisador surdo mesmo que ele não tenha como primeira língua o português, e sim a língua de brasileira de sinais”, disse Regina de Souza, orientadora de Regiane.

Dados do MEC mostram que, em 2003, 56 mil surdos frequentavam o ensino fundamental e só 2 mil, o médio. O Brasil tem quase 5 milhões de pessoas com algum grau de surdez, segundo o IBGE

Fonte: Guia do Estudante (Com informações da Assessoria de Comunicação da Unicamp (Maria da Cruz); foto de Antonio Scarpinetti (Ascom / Unicamp))

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