Pesquisadora surda apresenta dissertação usando língua de sinais na Unicamp

Mestranda em Pedagogia defendeu uso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), que tem estatuto de língua nativa no Brasil

Pela primeira vez, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) teve uma dissertação apresentada em Língua Brasileira de Sinais (Libras). A pesquisadora Regiane Agrella, surda, defendeu no último mês o trabalho “Língua, subjetividade e opressão linguística – interrogações a uma pedagogia (AB)surda”.

“Por que a sociedade não aceita a língua de sinais? Eu devo me apropriar do português? Só eu? Por que não troca, não inverte o jogo? Eu também voto”, disse Regiane, formada em Pedagogia.

Ela conta que uma vez foi reprimida pela mãe enquanto conversava com
um colega usando língua de sinais. Para a mãe, ela correria o risco de “perder a fala”. “É a minha língua, e percebi que ela era proibida”, disse.

“Poderia aprender português como segunda língua. Mas comecei a perceber que as frases eram incompletas. Por exemplo: Eu gosto de você. Eu entendo: eu gosto você. ‘De’ para mim não significa nada. Na escrita eu omitia porque não entendia essas conjunções”, explicou a mestranda.

Durante a apresentação, Regiane narrou a sua época na escola, quando aprendeu a ler lábios para acompanhar as aulas. “Eu entendia as palavras, mas as frases não tinham sentido. Eu decorava e respondia para a prova. Falava até bem, mas minha escrita era muito diferente. As professoras sempre achavam algum erro, mas não sabiam explicar, do meu jeito, onde estava o erro”.

ADAPTAÇÃO
A pesquisadora foi também uma das primeiras aprovadas no mestrado com provas em português e em Libras. As aulas passaram a ser acompanhadas de tradutor Português – Libras e gravadas em DVD.

“É possível garantir a formação do pesquisador surdo mesmo que ele não tenha como primeira língua o português, e sim a língua de brasileira de sinais”, disse Regina de Souza, orientadora de Regiane.

Dados do MEC mostram que, em 2003, 56 mil surdos frequentavam o ensino fundamental e só 2 mil, o médio. O Brasil tem quase 5 milhões de pessoas com algum grau de surdez, segundo o IBGE

Fonte: Guia do Estudante (Com informações da Assessoria de Comunicação da Unicamp (Maria da Cruz); foto de Antonio Scarpinetti (Ascom / Unicamp))

“Do Silêncio ao Som – Rimar Romano”

Rimar Romano é ator, mímico, clown e surdo profundo desde que nasceu. Fundou a Cia. Arte e Silêncio junto com sua irmã Sueli Ramalho, com a qual realizam peças de teatro que abordem a inclusão de pessoas surdas ou com outras deficiências na sociedade. Ele pretende assim, mostrar a importância da cultura surda e da linguagem de sinais.
Realização: Grupo Tatarana

Este vídeo faz parte do projeto “Histórias que Mudam o Mundo”, uma campanha do Museu da Pessoa, em parceria com a Caema, que mobilizou internautas de todo o Brasil a contar histórias sobre os mais variados tipos de mudança que acontecem na vida das pessoas, das mais cotidianas às mais extraordinárias atitudes transformadoras. O objetivo era exibir estas histórias para inspirar no público outras atitudes de transformação e novos olhares sobre o mundo. A campanha, que contou com o apoio do Instituto Oi Futuro, recebeu 91 vídeos e seu conteúdo gerou uma exposição virtual no portal do Museu da Pessoa.

Ethos – Rimar R. Segala e Sueli Ramalho Rimar01

Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento). Neste video os irmãos apresentam a realidade atual onde a maioria dos Surdos enfrentam nas mãos dos interpretes de Lingua de Sinais. Onde está a ETHOS nesta situação? Para refletir!

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