É consenso que a brincadeira estimula a aprendizagem e a imaginação, amplia o vocabulário, a criatividade e também dá representação a sentimentos e ao cotidiano das crianças.
Brincadeiras e brinquedos são usadas para diversão e entretenimento. Mas também para fins terapeuticos e de reabilitação.
Pensando em crianças brasileiras, com as características físicas da nossa população, elas não se veem representadas em bonecas loiras, magras, de cabelos longos e lisos, ou olhos azuis e maquiadas. Agora pensem em crianças com deficiências físicas, que utilizam cadeiras de rodas, bengalas, andadores, aparelhos auditivos, implantes cocleares e próteses de algum membro? É pouco comum bonecas apresentarem objetos como órteses, próteses, amputações e deformidades. Crianças com deficiência raramente se vêem representadas em bonecos.
Algumas empresas de implantes cocleares disponibilizam mascotes com implantes no kit infantil. O da marca Cochlear que tem um coala implantado e a Oticon tem um urso.
A ToyLikeMe é uma organização sem fins lucrativos. Eles acreditam no poder da representação da deficiência em brinquedos para aumentar a auto-estima. Eles criam brinquedos representativos de várias deficiências para iniciar conversas sobre as deficiência, influenciar a indústria de brinquedos a melhorar, diversificar e produzir em larga escala. Eles lançaram uma campanha na internet que é um sucesso.
Eu procurei no Brasil alguns brinquedos com representatividade das diversas deficiências. Encontrei duas Bárbies com cadeira de rodas, da linha Barbie Fashionista, com preços diferentes e preço absurdo. O fato de acompanhar uma cadeira de rodas não justifica o valor.
Encontrei Playmobil com cadeira de rodas, mas o boneco parece estar engessado.
E eu sei que a Lego lançou uma cadeira de rodas também, mas não achei a venda no Brasil.
Porém somente cadeiras de rodas não contempla a diversidade que temos. Precisamos de bonecas e bonecos representando todos.
Há algumas bonecas de pano feitas artesanalmente. Vi com lábio leporino, com muletas, com vitiligo. Uma possibilidade. Mas ainda está longe de ser o ideal. Qual e o ideal? Toda criança se ver representada e incluída.
E pra ilustrar a importância da representatividade, um vídeo que emociona.
Pedagoga com habilitação em Educação de Deficientes da Audio-comunicação. Psicopedagoga e professora de surdos.
Apaixonada por tecnologia assistiva e mídias sociais. Sonhadora, acredita na inclusão, no respeito as diferenças e no direito a igualdade. Viu muita coisa mudar desde que se formou, mas sabe que tem muita coisa a ser feita.
Viajante, mãe da Giulia, chocólatra e adora tomar cafés com ela mesma ou com amigos.