Em Dezembro de 2012, ainda como coordenadora de uma escola bilíngue para surdos, fiz 3 triagens de crianças menores de 3 anos.
Em uma delas, durante a anamnese, perguntei a mãe o que ela deseja para o seu filho no futuro.
Ela respondeu: _ Que ele fale.
É uma resposta é esperada. O desejo da família que esperava um filho “normal” e que recebe o diagnóstico de surdez, mas não tem nenhum esclarecimento sobre isso, nenhum encaminhamento e muito menos apoio.
Por sorte, essa família procurou a escola bilíngue para surdos com a criança para completar 3 anos.
Fechei a anamnese e comecei uma longa e detalhada conversa: sobre comunicação e a sua importância para o aprendizado e para as relações familiares, sobre a língua de sinais (LIBRAS), sobre o papel da família e a importância de todos que convivem diretamente com a criança usarem a LIBRAS.
E a segunda mãe fez uma pergunta (adoro quando elas fazem perguntas, demostram interação e reflexão sobre o assunto)
_ Mas se ele usar Libras ele não vai aprender a falar!
E eu respondo baseado na minha experiência, afinal, 23 anos de trabalho com surdos devem ser considerados.
Pensando nesses momentos pesquisei e encontrei esses 3 vídeos que mostram o uso da ASL (Língua de Sinais Americana) por crianças surdas bem pequenas (eu sei que existem vídeos com bebês) e a fluidez da comunicação. Poderia ficar falando (escrevendo) um tempão sobre isso, mas as imagem ilustram muito bem.
Abaixo está a explicação da mãe para o vídeo:
“Enquanto espera por seu pai na loja de reparação de automóveis, mãe explicou que o carro do papai quebrou e precisava ser corrigido. (O mais velho perguntou se ele precisava de baterias, porque é o que há de errado quando seus brinquedos pararam de trabalhar!). Eu comecei a filmar quando o pai entrou no carro e os meninos começaram a dizer-lhes sobre o que viram na garagem. Ah, e estávamos perto de um aeroporto, que vai ajudá-lo a entender o contexto. Isso, e os garotos estão obcecados com transporte!
Devo acrescentar que os nossos rapazes não tinham nenhuma língua, apenas seis meses atrás, quando os adotou. Eles têm florescido com ASL como sua primeira língua. O garoto mais velho da esquerda é surdo. O menino mais novo da direita (com o cinto de segurança solto) tem um pouco de audição.
Mostro isso para inspirar pais com crianças surdas a sinalizar com eles! Sinalizar não vai atrapalhar a sua oralização, mas vai melhorar muito a sua capacidade de aprender. Sinalizar dará uma maneira de expressar-se e uma maneira de realmente conhecê-los.
www.thebrownfamily.us Siga para ver mais sobre os meninos e de nossa família.“
Pedagoga com habilitação em Educação de Deficientes da Audio-comunicação. Psicopedagoga e professora de surdos.
Apaixonada por tecnologia assistiva e mídias sociais. Sonhadora, acredita na inclusão, no respeito as diferenças e no direito a igualdade. Viu muita coisa mudar desde que se formou, mas sabe que tem muita coisa a ser feita.
Viajante, mãe da Giulia, chocólatra e adora tomar cafés com ela mesma ou com amigos.
